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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A HISTÓRIA NÃO É JUSTA


A frase dita por Yuval Harari no seu livro Sapiens causou-me estranheza quando a li por vez primeira. Ao fazer a afirmação, elenca ele uma série de exemplos que corroboram a assertiva. 

Este veredicto me veio à mente nestes dias com intensidade e me obrigando à reflexão. As recentes tragédias que se abateram sobre o Brasil e que envolveram os quatro elementos (sem querer ser esotérico): Terra – Brumadinho; Água – enchentes no Rio de Janeiro; Fogo – CT do Flamengo e Ar – Boechat.

Que justiça pode ser vista nos desastres produzidos pela Vale em Mariana e Sobradinho? É justo tanta gente perder a vida e suas casas e a Vale passar incólume pelo desastre de Mariana e ir se safando das consequências de Brumadinho? Alguém, em sã consciência, acredita que a Vale vai pagar tudo o que está prometendo? Ou que vai se responsabilizar e trabalhar para minorar os impactos produzidos pelos desastres ambientais que provocou? É justo que tanta gente tenha morrido, tantas estejam de luto pela perda de parentes e amigos, por causa da incúria de administradores que trabalham com metas de lucros, sem pensar no humano?

É justo morrer dentro de um ônibus, indo para o trabalho, por uma avalanche que desceu do morro? É justo que as pessoas paguem o preço quando a Prefeitura sabia dos problemas e riscos que havia nas encostas dos morros e nada fez?

É justo um clube de futebol falar em incidente quando o que aconteceu no CT foi negligência, desrespeito continuado à legislação, uso de espaço interditado, material inapropriado na construção? É justo que meninos imberbes tenham suas vidas e sonhos ceifados porque um clube que deve montanhas ao INSS, que desobedece a legislação, que não oferece condições nos alojamentos, que não provê uma saída de emergência, que instala um ar-condicionado com gambiarra, que tenha sido notificado 31 vezes, continue sem ser severamente penalizado?

É justo pagar impostos pesados para ter uma Prefeitura, Estado, Bombeiros, Secretaria de Obras e tantos outros órgãos que nada fizeram para evitar tal tragédia? É justo sustentá-los se eles não interditaram o espaço? Para que serviram as multas? Só para aumentar a arrecadação? Fiscalização mais multa, sem punição efetiva na desobediência é negligência pura.

Para que serve a ANAC, com membros regiamente pagos e ainda com a suspeita de que têm suas vantagens oferecidas pelas companhias aéreas em forma de viagens de cortesia, se ela não fiscalizou a empresa dona do helicóptero que não podia fazer taxi aéreo? Quem contratou será punido? Repete-se, em escala menor, o acidente com a Chapecoense. Provavelmente os que contrataram o Boechat para vir a Campinas para a palestra, foram os mesmos que, para economizar, contrataram a SAE como taxi aéreo, provavelmente por ser mais barata. Assim foi com a Lamia e a Chapecoense que até hoje ainda não teve a indenização paga aos familiares. Quem vai pagar o seguro para os seis filhos do Boechat?

É justo o que o Maduro está fazendo na Venezuela? É justo fechar as fronteiras para evitar que a ajuda humanitária não entre?

Só espero que a reforma da previdência não seja um rosário de injustiças, uma vez que o decreto de posse de armas e alguns pontos do pacote Moro para combater a criminalidade tem seus elementos injustos.

Marcos Inhauser


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