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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

GERAÇÃO INÚTIL


Você certamente já ouviu falar da Geração Nem-Nem: nem trabalham, nem estudam. Escrevi em minhas últimas colunas sobre a geração que não tem vocabulário porque não leem e, em função disto, usam emojis e memes para tentar dizer o que pensam ou sentem. Curtos de vocabulário, sabem apertar teclas e tocar telas.
Eu já tinha ouvido algo parecido a isto quando trabalhei com treinamento em uma fábrica que contratava centenas de jovens para trabalho temporário, com duração de seis meses. Nos primeiros cinco trabalhavam razoavelmente bem, mas no sexto já encostavam o burro na sombra. Demitidos ao final do contrato, ficavam pendurados no seguro desemprego por mais uns seis meses. Ouvi mais de uma vez dos supervisores destes jovens de que se tratava de uma geração perdida. O assunto deles era só balada e bebedeira.
Mais tarde ouvi de uma professora universitária preocupada com a quantidade de alunos que entravam na sala de aula, assinaram a lista de chamada e saiam para ir beber no bar em frente à faculdade. Não queriam saber de estudar e a escola era o pretexto para sair de casa.
Com as recentes mudanças nos perfis das vagas de trabalho, que exigem mais conhecimento e habilidades comunicacionais, relacionais e trabalho em equipe, uma parcela da nova geração está ficando à margem dos processos seletivos. Tenho para comigo que dentre os 14 milhões de desempregados, há grande parte formada pelos desprovistos de mínimas habilidades relacionais e comunicacionais. Gente inútil desde o ponto de vista funcional.
Por algumas vezes fui solicitado por amigos para dar uma garibada em currículos de filhos ou amigos. No mais das vezes continham erros crassos de português, falta de sentido nas frases ou estava pavoneado: inglês básico, curso de Word e Excel. Se nem sabiam lidar com o idioma materno, como esperar que soubessem inglês?
Dia destes vi um presidente de multinacional sentado no seu escritório olhando CVs para seleção de uma funcionária para um determinado cargo. Olhei para o CV e vi que nas telas (haviam duas conectadas ao mesmo tempo) do computador estavam abertas, uma no Facebook, outra no Instagram. Antes que eu perguntasse, ele me disse: o currículo está bom, mas o que escreve no Face e Instagram é horrível. Alguém fez este CV para ela.
Certa feita, em uma viagem de Rio Verde a Campinas, uma moça sentou ao meu lado e puxou conversa. Nova, tinha ido visitar o noivo e estava para casar em poucos dias. Morava em uma cidade muito pequena, onde emprego era raridade. O pai era agricultor e ela falava muito mal, comendo os “s” e errando em todas as concordâncias. Ela me disse que ia casar e que iriam mudar-se para a cidade dela para ajudar o pai. Do nada ela me disse que ela queria estudar inglês e o que eu achava disto. Perguntei qual o emprego na cidade dela requeria inglês, ao que me respondeu: nenhum! Eu disse a ela que seria melhor estudar o português antes de se aventurar em outro idioma, porque este aprendizado exigia bom conhecimento da língua materna. No meu entender, ia gastar dinheiro para nada.
Fico a pensar o que será desta gente quando tiverem seus 35 anos de idade, a crise da meia idade bater à porta e sem perspectivas de futuro! Sem INSS, sem plano de saúde, sem salário para comprar o básico, dependentes dos pais, sem sonhos e, especialmente, sem realizações. Não terão história para contar! Inúteis sociais!
Dá para entender porque o consumo de drogas está aumentando!
Marcos Inhauser

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