Você certamente já ouviu falar da Geração Nem-Nem: nem
trabalham, nem estudam. Escrevi em minhas últimas colunas sobre a geração que
não tem vocabulário porque não leem e, em função disto, usam emojis e memes
para tentar dizer o que pensam ou sentem. Curtos de vocabulário, sabem apertar teclas
e tocar telas.
Eu já tinha ouvido algo parecido a isto quando trabalhei com
treinamento em uma fábrica que contratava centenas de jovens para trabalho
temporário, com duração de seis meses. Nos primeiros cinco trabalhavam
razoavelmente bem, mas no sexto já encostavam o burro na sombra. Demitidos ao
final do contrato, ficavam pendurados no seguro desemprego por mais uns seis
meses. Ouvi mais de uma vez dos supervisores destes jovens de que se tratava de
uma geração perdida. O assunto deles era só balada e bebedeira.
Mais tarde ouvi de uma professora universitária preocupada
com a quantidade de alunos que entravam na sala de aula, assinaram a lista de
chamada e saiam para ir beber no bar em frente à faculdade. Não queriam saber
de estudar e a escola era o pretexto para sair de casa.
Com as recentes mudanças nos perfis das vagas de trabalho,
que exigem mais conhecimento e habilidades comunicacionais, relacionais e
trabalho em equipe, uma parcela da nova geração está ficando à margem dos
processos seletivos. Tenho para comigo que dentre os 14 milhões de
desempregados, há grande parte formada pelos desprovistos de mínimas
habilidades relacionais e comunicacionais. Gente inútil desde o ponto de vista
funcional.
Por algumas vezes fui solicitado por amigos para dar uma
garibada em currículos de filhos ou amigos. No mais das vezes continham erros
crassos de português, falta de sentido nas frases ou estava pavoneado: inglês
básico, curso de Word e Excel. Se nem sabiam lidar com o idioma materno, como
esperar que soubessem inglês?
Dia destes vi um presidente de multinacional sentado no seu
escritório olhando CVs para seleção de uma funcionária para um determinado
cargo. Olhei para o CV e vi que nas telas (haviam duas conectadas ao mesmo
tempo) do computador estavam abertas, uma no Facebook, outra no Instagram.
Antes que eu perguntasse, ele me disse: o currículo está bom, mas o que escreve
no Face e Instagram é horrível. Alguém fez este CV para ela.
Certa feita, em uma viagem de Rio Verde a Campinas, uma moça
sentou ao meu lado e puxou conversa. Nova, tinha ido visitar o noivo e estava
para casar em poucos dias. Morava em uma cidade muito pequena, onde emprego era
raridade. O pai era agricultor e ela falava muito mal, comendo os “s” e errando
em todas as concordâncias. Ela me disse que ia casar e que iriam mudar-se para
a cidade dela para ajudar o pai. Do nada ela me disse que ela queria estudar
inglês e o que eu achava disto. Perguntei qual o emprego na cidade dela
requeria inglês, ao que me respondeu: nenhum! Eu disse a ela que seria melhor
estudar o português antes de se aventurar em outro idioma, porque este
aprendizado exigia bom conhecimento da língua materna. No meu entender, ia
gastar dinheiro para nada.
Fico a pensar o que será desta gente quando tiverem seus 35
anos de idade, a crise da meia idade bater à porta e sem perspectivas de
futuro! Sem INSS, sem plano de saúde, sem salário para comprar o básico,
dependentes dos pais, sem sonhos e, especialmente, sem realizações. Não terão
história para contar! Inúteis sociais!
Dá para entender porque o consumo de drogas está aumentando!
Marcos Inhauser
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