Quando estudei Direito e em algumas circunstâncias fora do ensino
regular, aprendi que os juízes só se manifestam nos autos e que as
manifestações prévias de juízes e jurados colocam a ambos sob suspeição. Aprendi
também que um juiz não olha a capa do processo, nem se atém aos personagens dele
porque seus veredictos estão baseados na imparcialidade e na aplicação da pena
sob o rigor da lei, independentemente de quem esteja em juízo.
Aprendi errado! Especialmente se atento para as declarações do Gilmar
Mendes. Acabo de ler mais um se suas inúmeras afirmações nefastas, dizendo que
o processo do Lula fatalmente chegará ao STF e que a pena dele pode vir a ser reduzida porque não está claro se o Lula
praticou corrupção e lavagem de dinheiro, alegando que o crime de lavagem pode
estar "embutido" na corrução. Afirmou ainda que há discussão para
saber se os dois crimes imputados são dois ou é um só.
Data vênia, no meu leigo entender, há uma manifestação fora dos autos, o
que o coloca sob suspeição, impedindo-o de participar da análise e julgamento
do mérito, quando este chegar ao STF. No entanto, cético que sou, ceticismo
este construído pelas muitas escorregadas que o judiciário brasileiro deu e tem
dado, não acredito que ele venha a ser afastado do julgamento sob suspeição.
Mais do que isto,
pela fala do próprio, seu gabinete se transformou em ponto de romaria de
Petistas, querendo que ele faça o milagre de reverter a prisão em segunda
instância. Ele mudou de opinião, criou uma baita instabilidade jurídica e ainda
quer levar de roldão o resto da turma.
Amigo e confidente de
outro investigado (e ainda não réu por tramas obscuras e verbas liberadas), tem
se reunido fora e dentro da agenda com o Temer. Um juiz, assessor do Gilmar,
esteve estes dias com o Temer, em reunião não informada na agenda do
presidente. Sintomaticamente, tal reunião veio logo após mais algumas
revelações sobre a investigada relação entre o Temer e a Rodrimar. É “ixtranho,
muito ixtranho” tudo isto.
Merecedor do título
de Liberador Geral da Nação (a lista das pessoas enroladas, presas e por ele
soltas é extensa), com algumas delas tendo fugido do país logo após o Habeas
Corpus por ele prolatado, ganhou nas ruas o apelido de laxante: aquele que
solta tudo. Por respeito aos leitores, não avanço na metáfora.
Suas diátribes com o
Barroso, bem ao estilo de barraqueiro, envergonha a mais alta corte do país.
Não sou o único a dizer isto. Muitos antes de mim já o disseram. Tanto que o
senador Randolfe protocolou um pedido de impeachment dele, e outros haviam
antes, que nunca receberam o encaminhamento solicitado, por ação e graça do
Renan (também enrolado nas investigações).
Ele continua lá sabe
se lá por quais razões. Mas há algo que merece ser investigado: as suas
faculdades de Direito esparramadas por várias unidades da federação e as verbas
que recebe. Não afirmo nada. É suspeita é um direito.
Marcos Inhauser
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