Não precisamos de
muito esforço para saber que algumas coisas vão acontecer em 2018. São coisas
óbvias. A primeira delas é que, durante o ano, presidente Temer vai mudar de
opinião muitas vezes e vai voltar atrás em várias decisões. Ele é especialista
em marcha à ré. Deu inúmeros exemplo disto em 2017 e deixou algumas coisas já
engatilhadas para 2018, especialmente no que se refere à reforma da
Previdência. Não duvido que até possa voltar atrás na sua decisão de não
concorrer nas próximas eleições. Seria ótimo: seria sepultado pelos votos
ínfimos que teria.
A segunda obviedade
serão os Habeas Corpus que o Gilmar Mendes dará, liberando corruptos e
corruptores. Em sua cruzada quixotesca, está brigando com moinhos de vento e
dedicando suas façanhas à Dulcinéia, mulher fictícia, que ele crê, admira sua
beleza, impostação vocal e atos de “bravura”. No masculino ela se chama Narciso.
Também se pode ter a certeza pristina de que atacará os ministros Barroso e o
Fux e se aliará ao Toffoli, próximo presidente do STF. De igual maneira, é
óbvio que criticará a condução do ministro Fux à frente do Tribunal Supremo Eleitoral,
pela simples razão de que não permitirá que o mesmo tenha todos os holofotes do
processo eleitoral sobre ele.
A terceira obviedade
está na atuação do Congresso. Pode-se esperar ausências múltiplas, sessões
vazias, votações mínimas e de nada que os comprometa (se é que algum dia
votaram pensando no povo). Deste Congresso pode-se esperar também que surjam
manobras e maracutaias visando o indulto pelos crimes praticados, cujo balão de
ensaio foi colocado no indulto presidencial, revisto pela iniciativa da PGR,
Raquel Dodge.
A quarta obviedade
serão os discursos repetitivos, já conhecidos à exaustão, dos candidatos aos
cargos eletivos. Os temas que serão óbvios: educação, saúde, segurança pública,
combate à corrupção, enxugamento da máquina estatal. Os candidatos, até onde se
pode ver, são os óbvios e já conhecidos, que nada de novo trarão à instituição,
seja do Congresso ou da presidência. O óbvio é que teremos mais do mesmo.
A quinta obviedade
serão as notícias sobre a precariedade dos sistemas de saúde e educação, a
falta de verba para segurança pública, a quebradeira dos estados em um processo
de plágio do modelo fluminense e gaúcho. A isto acrescente-se as notícias sobre
o déficit público e a liberação descabida de verbas por parte da presidência
para safar-se de uma agenda tóxica que ele tem sobre si, criada por ele mesmo.
A sexta obviedade, e
esta bem-vinda, serão as notícias sobre novas prisões julgamentos de pessoas
envolvidas em escândalos de corrupção. Que sejam muitos os presos, investigados
e condenados, mesmo porque, à luz do que já se sabe, ainda há muita sujeira
debaixo dos porões dos desgovernos.
Minhas esperanças
óbvias e, creio, as mesmas de muitos brasileiros: que a Lava Jata continue com
força e vigor, que a Lava Jato do Rio seja tão ou mais eficiente que a de
Curitiba, que os casos enviados para as varas do DF sejam julgados segundo os
padrões estabelecidos nos casos anteriores já julgados, que a prisão em
sentença confirmada por segunda instância seja confirmada como normativa, que
os intocáveis Jucá, Renan, Maia, Padilha, Moreira Franco, Eunício e outros
sejam alcançados pelos braços da Justiça, que haja sangue novo e novidade na
forma de se fazer política.
Marcos Inhauser
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