Não errei na
grafia, não!
O que quero afirmar
é que a benção vem acompanhada de suor, a inspiração tem muito de transpiração,
o sucesso de dedicação. Não há atalhos para as coisas e os atalhos que nos são
oferecidos são fraudes.
Milhões
jogam todas as semanas na loteria, uns poucos acertam e os que levam a bolada,
via de regra, passam a viver um inferno. Ou perdem o que ganharam ou precisam
administrar os “amigos”. Chove na minha caixa postal e-mails me prometendo
ganhar mundos e fundos sem sair de casa e quando os olho com mais cuidado, vejo
que tenho que pagar e fico a pensar e concluir, a partir de experiências
anteriores e de outros que as viveram, que o único ganho garantido é de quem
recebe.
Quem ainda
não recebeu uma carta ou e-mail do tipo corrente? Você conhece alguém que já
ganhou dinheiro com isto a não ser quem iniciou a corrente?
Já li a
biografia de muita gente que se tornou famosa por “a” ou por “b”. Pegue-se o
exemplo de Thomas Edison que fez mais de dez mil experiências até que conseguisse
inventar a lâmpada, que durava não mais de 48 horas. Ele teria afirmado que “Não errei dez mil vezes, apenas descobri dez mil coisas que
não funcionam.” Li também a história de Ernest Henry Shackelton, definido como
o maior líder que a humanidade conheceu. Tentou chegar ao polo sul e nunca
conseguiu chegar lá, mas deixou lições preciosas sobre a obstinação,
persistência e lealdade aos comandados.
Neste contexto preocupa-me a maciça e
massiva pregação religiosa que tem assolado as televisões e templos que abrigam
empreendimentos religiosos. Trata-se da pregação que diz que a pessoa pode se
tornar rica, próspera, do dia para noite, bastando para tanto obedecer a Deus
(obediência nas ofertas e dízimos!). Inúmeros são os relatos de gente que
aparece dando seu “testemunho” de como foram abençoados porque deram o dízimo
ou ofertaram generosamente. Já se questionou a autenticidade de tais
testemunhos, visto que se sabe hoje que vários deles são pagos, de gente que
ganha uns trocados para falar o que interessa ao dono do programa.
Esta semana surgiu a notícia de que a Uniesp (União
das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo) firmou convênios com
igrejas comprometendo-se a pagar dízimo pela indicação e matricula de fiéis em
seus cursos universitários. Haja criatividade! Aposto que ofereceram à
Uniesp que receberiam de volta dez vezes mais do que dizimariam! Os
espertalhões por trás de tal negociata querem o bem$ão sem suar a camisa. Usam
o nome de Deus para o seu enriquecimento.
Eu, orientado pelo sábio Cirino (boia fria, negro, dos meus
tempos de infância que me ensinou algumas lições preciosas) vou botar minhas
barbas de molho. Acredito que o que comemos deve vir do suor do rosto. Querer a
benção sem suar é comer do suor dos outros, que vão trabalhar mais do que devem
e precisam para sustentar a opulência de espertalhões travestidos de
sacerdotes, pastores, bispos e apóstolos.
Marcos Inhauser
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