Meu pai vem enfrentando
problemas de saúde há algum tempo. No dia 26 de dezembro o quadro se agravou e decidi
que o levaria ao médico, mas ele não estava em condições de ir no meu carro,
debilitado que estava. Decidi chamar o SAMU. Liguei a primeira vez e deu
mensagem para que ligasse mais tarde, fato que se repetiu mais três vezes.
Comecei a me angustiar e ficar irritado. Como pode um serviço de emergência não
atender? Achei que era porque estava ligando de celular e também achei que
seria um absurdo se não aceitassem ligações de celular. Tentei mais uma vez e
fui atendido. E aí começaram as minhas surpresas.
A primeira
foi o atendimento inicial. Expliquei o quadro do meu pai e disse que não se
tratava de uma urgência. Fui transferido para conversar com uma médica quem
também me atendeu de forma exemplar. Novamente expliquei que não se tratava de
urgência e que esperaria até que pudessem me atender. Preparei-me para uma
longa espera. Trinta e cinco minutos mais tarde a ambulância chegou. E nova
surpresa!
Se meu pai
pudesse falar, sei que ele diria mais ou menos o seguinte: “nasci e cresci em
meio a alemães e me casei com uma alemã. Frequentei igreja alemã. Aprendi que
anjos eram brancos, vestidos de branco e com asas. Quando a porta da ambulância
se abriu desceu um anjo que não era branco. Aliás, uma anja. Linda, negra e
extremamente cuidadosa. Logo me ajudou a ir para a maca e me mediu a pressão, o
pulso, a glicemia e começou a conversar comigo. Depois ligou avisando um médico
de que eu chegaria. Ela me disse que eu iria para o Pronto Socorro e que de lá,
depois de uma avaliação, me diriam o que fariam comigo. Este anjo não tinha
asas. Tinha rodas e um motorista, também anjo. Minhas experiências anteriores
com ambulâncias é que é uma viagem sacolejante, barulhenta por causa da sirene
ligada, cheia de freadas e arrancadas. Este anjo motorista não era assim. Mais
parecia que estava transportando ovos e que tomava todo o cuidado para não quebrá-los.
Pela primeira vez me senti conduzido como se fosse um rei, assessorado por uma
anja. Vi meu filho perguntando o nome deles: o anho se chama Claudecir e a anja
Veridiana. Não vou mais vê-los. Meu quadro se agravou muito, perdi a
consciência e os médicos dizem que sou paciente terminal. Mas antes que isto
aconteça, quero deixar minha gratidão a estes anjos e meus parabéns ao SAMU
pelo excelente trabalho que fazem. Milton Inhauser”.
Marcos
Inhauser
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