Tu és Pedro e sobre esta pedra se edifica a Babel política
de Campinas!
O ex-presidente da Câmara, agora prefeito tampão de
Campinas, assumiu o cargo de Prefeito e, salvo muita boa argumentação
contrária, acredito que ele realizou um sonho de infância. Será também o
“candidato natural” para assumir a prefeitura em um mandato tampão mais longo,
pois não acredito que ele tenha se enfiado de corpo e alma nesta empreitada sem
deixar amarrado os nós futuros.
Confesso que não posso acreditar neste prefeito tampão e nem
nos paladinos da ética pública dos vereadores. Até as pombas do Largo do
Rosário sabiam que algo de podre havia no reino doutor prefeito. No entanto, a
Câmara só se mexeu depois que o Ministério Público fez as suas investigações e
trouxe à luz as negociatas que rolavam.
Mais: como acreditar no comandante em chefe da decisão que
autoconcedeu-se o escandaloso aumento de 126%. O meu raciocínio é: a questão do
aumento foi proposta, discutida, aceita e aprovada nos bastidores, bem assim a
maneira sorrateira de aprovar. Também foi decidida a ordem dos fatos: primeiro
o aumento, depois o arremedo de acerto com o corte de verbas. Se a votação
fosse feita na ordem inversa, correriam o risco de ter cortado a verba e não
poder aumentar os salários.
Há outro raciocínio: a ser verdadeira a informação de que o
aumento foi proposto e inicialmente negociado pelo líder do PT, o Josias Lech,
surge a suspeita de que teria sido uma tentativa de abrandar a sanha de
cassação e esta um tiro que saiu pela culatra dos articuladores petistas.
Causou-me espanto as afirmações do agora prefeito tampão,
primeiro de que o aumento era para que houvesse independência do legislativo (e
já argumentei que isto é uma confissão de promiscuidade, que se o aumento
vigorará só a partir de 2013 significa que os vereadores continuarão a negociar
com a Prefeitura, agora capitaneada pelo capitão do aumento). Em segundo lugar,
na entrevista concedida à EPTV no dia seguinte à cassação, o ex e agora tampão,
ao ser questionado sobre o aumento, disse que a população estava mal informada,
que não representa incremento de gastos e que ele (agora em tom agressivo e
contundente) nunca toleraria aumento de despesas. Vamos por partes: se a
população não está bem informada, por que não se discutiu o assunto
abertamente, mostrando a matemática do “ajuste”? Se a população precisava estar
bem informada, por que se fez a votação de forma escusa, enviesada? Por que
todos os vereadores, imediatamente após a votação deram chá de sumiço? Por que,
quando puderam esclarecer (no episódio do CQC), expuseram a cidade ao mais
completo ridículo, deixando a Câmara com cara de circo?
Pedro: você merece ser vigiado pela população, porque a
Câmara não cumpriu seu mandato a contento no período do doutor e não fará agora,
dependente que ainda é do executivo, segundo sua própria afirmação. De minha
parte, farei o que me está ao alcance!
Marcos Inhauser
Caro Rev. Marcos, faço apenas um esclarecimento sobre seu oportuno e profético artigo. Em nenhum momento, houve por parte do governo qualquer articulação para ajudar Pedro Serafim a votar o aumento de seus vencimentos. Essa matéria é de total responsabilidade dos acordos entre vereadores, por ocasião da composição das duas mesas diretoras da Câmara (presidências de Aurélio Cláudio e Pedro Serafim). O governo acertadamente não se imiscuiu nos assuntos internos da Câmara, e portanto não compartilha nem do ônus nem do bônus dessa decisão corporativa. Abs, Renato Simões
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