Nada melhor que dar-se presente com o dinheiro dos outros.
Ainda mais quando este dinheiro é público!
A Câmara Municipal de Campinas, no melhor dos espíritos
natalinos, decidiu dar-se um belo presente: aumento nos salários de 126%! É
impressionante como todo final de ano e por meios nada claros, os nossos
políticos se concedem reajustes pornográficos. Qual o índice usado para que
eles aprovassem os 126%? E por que foi feito em uma aprovação às surdinas e de
forma sorrateira?
Com a presença cidadã que havia na Câmara para a votação da
Macrozona 5, abrir o assunto e discutir
a elevação dos salários de forma clara e transparente, com certeza, enfrentaria
a ira popular, como de fato aconteceu quando souberam da esperteza praticada
pelos “nobres edis”. Os ovos atirados mostram a indignação dos presentes com a
manobra. Populares foram detidos porque demonstraram a indignação atirando
ovos. Os vereadores, protegidos pela Guarda Municipal, deram um bote nos cofres
públicos e nenhum deles foi detido ou será punido par tal ato.
São estes vereadores que querem passar por paladinos da
moralidade pública, abrindo Comissões Processantes para averiguar a moralidade
do executivo e dos contratos da Sanasa. Que moral tem tais vereadores se na
calada da noite, de forma imoral e antiética, se beneficiam ao legislar em
causa própria? Como poderão denunciar contratos escusos se a elevação dos
salários teve o mesmo condão?
Nos tempos do Collor eu morava fora do país. Em uma viagem
que fazia ao Brasil, sentei-me ao lado de um grande empresário e durante a
viagem viemos conversando. A certa altura, por perceber que ele sabia das coisas
de Brasília, eu lhe perguntei a razão para o impeachment do Collor, que tinha
acabado de acontecer. Ele, didaticamente, me explicou: “há um bolo e cada
membro da família tem direito ao seu pedaço, coisa estabelecida e respeitada há
tempos. Um dia um deles, por se julgar com autoridade ou melhor que os outros,
decide que seu pedaço deve ser maior que todos os outros. A briga se instala e
os outros membros tem duas opções: ou negociam ou destituem o membro. Foi o que
aconteceu. O Collor mexeu na fatia do bolo dos políticos, deu briga e ele
dançou.”
Tenho a sensação de que o que está ocorrendo na política de
Campinas é um rearranjo nas fatias do bolo. Um já dançou, o outro está com a
valsa pronta para dançar e outros conseguiram aumentar a sua fatia, talvez por
inveja do tamanho da fatia dos que tinham o poder.
Marcos Inhauser
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