Leia mais

Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira

quarta-feira, 27 de maio de 2020

REGRA PARA AVALIAÇÃO DOS REIS


Na antiguidade era comum os reis serem considerados deuses. Assim era com os Faraós. Eles não eram considerados simples reis, mas eram tidos como de caráter divino, filhos dos deuses e seu corpo era divino, porque seu sangue teria origem no deus Hórus. 

O Faraó, assim concebido, era o administrador máximo, chefe do exército, juiz e sacerdote. Ele decidia sozinho, sendo, na quase totalidade deles, déspotas. Quando delegava suas missões a assessores, fazia questão de ter o controle das decisões. Tinha um séquito de escribas que registravam seus atos, decretos, relações comerciais. Nesta narrativa, como se pode depreender, vicejava o elogio, a exaltação dos seus feitos heroicos. Muitas destas narrativas eram exageradas ou mesmo falsas.

Por serem deuses ou filhos dos deuses, só podiam se casar com quem também tivesse sangue divino. Os casamentos entre irmãos e parentes próximos era comum, razão pela qual, muitos deles sofriam de enfermidades e deformações por causa dos casamentos consanguíneos. Os pais de Tutancâmon eram irmãos e seu pai, Aquenáton, costumava procriar com as próprias filhas. Não é de se admirar que fossem machistas. Ainda que houvesse mulher com sangue divino (como Hatchepsut) ela era representada em esculturas com barba.

Não é de surpreender também que, para eles, a família era o reino, fazendo de tudo para preservar os seus, sob o argumento de que preservavam a realeza divina. Para reafirmar a divindade, tinham os sacerdotes que se encarregavam de reforçar a ideia da natureza divina deles, incensando-os como divinos e mitológicos, porque descendentes do deus Hórus

Este padrão foi, em certa medida, preservado nos reis da Idade Média, quando se desenvolveu o conceito do direito divino dos reis, pelo qual o reinado deles tinha sua origem e sustentação na vontade de Deus. A raiz disto, provavelmente, está em Constantino, o imperador “cristão”

Foi em Israel que se pode notar mudança significativa. Os reis de Israel e Judá não eram divinos ou filho dos deuses. Eram “escolhidos” e ungidos (abençoados). A avaliação que se fazia dos seus reinados era a concordância dos seus atos com a Lei do Senhor. Exemplo disto é a do sábio Salomão: “Porque Salomão me deixou ... e não andou nos meus caminhos para fazer o que é reto perante mim, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como fez Davi, seu pai. (IRs 11:33); “Fez o que era mau perante o SENHOR e andou nos caminhos de seu pai e no pecado com que seu pai fizera pecar a Israel” (IRs 15:26) e tantos outros exemplos.

Os governantes modernos que se dizem cristãos devem ser analisados pela mesma regra, acentuando-se que, além dos “estatutos e juízos” de Deus, há os ensinamentos de Jesus. As regras dos Dez Mandamentos de “não matarás”, “não dirás falso testemunho” (entenda-se “não mentirás”), mais os ensinamentos do Sermão da Montanha (bem-aventurados os misericordiosos, os pacificadores, os mansos) são padrões para avaliar governantes.

Quem promove a morte por ato ou decisão indireta, quem semeia a discórdia, a divisão, o conflito, quem mente (uma ou reiteradas vezes), ainda que afirme ou se creia o messias (ungido para tal missão), é tudo menos evangélico. Não basta repetir versículo bíblico, ter sido batizado ou ter parentes cristãos, nem mesmo uma horda de “religiosos aduladores”. A vida e os atos é que devem ser avaliados à luz das Escrituras.

Marcos Inhauser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário