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quarta-feira, 6 de maio de 2020

AUTOAFIRMAÇÃO

Se se busca informações sobre o conceito de autoafirmação, encontrar-se-ão milhares de artigos e posicionamentos sobre o tema, muitos deles conflitantes. A autoafirmação é a ação que uma pessoa faz para dizer quem ela é, o que faz e o que não sabe fazer.

Assim, há uma autoafirmação que é positiva e necessária para a solidificação da identidade pessoal. Devo saber quem sou, o que gosto, o que não gosto, o que sei fazer bem, o que sei fazer e o faço, mas não com excelência, e o que, decididamente, não sei fazer. Isto devo ter bem claro para mim. Algumas vezes isto deve ser dito aos outros para que saibam quem sou. Faz parte da construção de relacionamentos saudáveis. Ela é saudável e necessária.

Há também uma autoafirmação destrutiva, quando a pessoa se desmerece, se diminui na frente dos outros, se anula nos relacionamentos. Ela acha que não tem qualidades e deixa isto refletir na forma como se relaciona. Ela é corrosiva e deve ser trabalhada.

Há uma autoafirmação repetitiva que é preocupante. Ela é feita pelas pessoas que, sentindo-se inseguras ou não acreditando no que fazem ou posição que têm, precisam dizer repetidas vezes: “eu sou o chefe”, “quem toma decisões aqui sou eu”, “eu tenho o melhor carro”, “quem está na cadeira de chefe sou eu”, “eu sou empreendedor”, “eu sou doutor”, “eu tenho amigos importantes”, “eu apareço nas colunas sociais”, “eu sou uma pessoa religiosa”, “eu sou o cara”, “eu sou uma mulher linda” “não vou admitir que haja interferências nas minhas decisões”, “quem manda em casa sou eu”, “sou bonita”, “sou másculo”, “eu sou bom no que faço”, “eu tenho a caneta” etc.

Esta autoafirmação se dá por causa da enorme carência afetiva que alguns têm. Precisam estar em evidência, ter suas qualidades constantemente reconhecidas. Elas, no íntimo, não acreditam em si mesmas, duvidam que os outros reconheçam suas posições, autoridade e poder. Por isto precisam afirmar diante dos outros e de si mesmos, para, de algum modo convencer e ser convencido. A autoafirmação repetitiva transforma-se em uma manifestação neurótica de se destacar diante dos outros, para ser respeitado, aprovado e enaltecido.

Provavelmente viveram experiências traumáticas, se sentiram desprezados, excluídos ou submetidos às situações humilhantes, sofreram bullying na infância ou adolescência.

O exagero na autoafirmação é mecanismo de compensação porque tem visão alienada do mundo e é recurso para compensar o medo de perder espaço na vida pessoal e social.

Diante de uma pessoa que, sem necessidade, faz autoafirmações e se coloca como superior, o melhor é desconversar e mudar de assunto. O que elas querem é que se concorde com elas ou que se dê espaço para que demonstrem suas “qualidades”.

Estávamos em uma roda de amigos, alguns deles gerentes e diretores de RH. O “autoafirmativo”, novo no grupo, do nada disse que estava fazendo coaching e que seu método era superior. Disse isto e adicionou: “eu tenho muita experiência como diretor de empresa e muita vivência lidando com comportamentos humanos”. Um a um foi se levantando. Ao final ficou falando a um único que permaneceu e que tinha o dom de vítima.

O autoafirmativo arrogante é intragável. Ele quer se convencer que é bom tentando convencer os outros das suas qualidades e estas não são impostas, mas reconhecidas na vivência. Se preciso dizer que sou é porque ninguém está reconhecendo.

Marcos Inhauser

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