Há duas máximas que as aprendi
na juventude e que me marcaram muito, servindo como parâmetros para minha vida.
A primeira me foi ensinada em
sala de aula, ainda na adolescência, pelo professor Luisão, quem, mais que um professor
de matemática, era um amigo dos alunos. Ele nos aconselhou dizendo que quando a
gente está diante de uma pessoa que quer nos incriminar ou julgar e ela faz
perguntas, nunca se deve responder completamente à sua pergunta. A sua máxima
era: “diante da pergunta do inquisidor, sempre dê a resposta pela metade”. Ele
justificava esta sua orientação dizendo que quanto mais se fala, mais estaremos
dando munição ao oponente. Constatei isto durante minha vida.
A segunda eu a aprendi em uma
situação não muito agradável, mas que me marcou profundamente. A máxima
aprendida foi: “Ao amigo não é preciso explicar, ao inimigo, não adianta
explicar”. A razão para este procedimento é que o amigo, verdadeiro amigo, não
precisa de explicações para continuar seu amigo. Ele entende, ele apoia, ele
quer te ver saindo para frente. O inimigo, por outro lado, nem com mil boas e
fundamentadas razões vai se convencer. E não se convence porque já tem opinião
definida.
Ao ler certas passagens da vida
de Jesus, quando foi ele inquirido por seus opositores, assumiu a posição de
falar o mínimo possível. Quando lhe perguntaram se era lícito pagar tributos a
César, laconicamente respondeu: “dai a César o que é de César e a Deus o que é
de Deus”. Quando curou o paralítico trazido pelos quatro amigos, mencionou o
perdão dos pecados ao que foi censurado pelos doutores da lei. Outra vez,
laconicamente, disse: “o que é mais fácil fazer? Perdoar pecados ou dizer toma
teu leito e anda”? Diante de Pilatos, ao ser perguntado se era filho de Deus,
ele foi ainda mais comedido; “Tu o dizes”.
Há uma terceira máxima que
aprendi na caminhada: quando uma pessoa explica uma coisa e volta a explicar e
explica pela terceira vez, as explicações são falaciosas. É uma tentativa de
convencer pela insistência na repetição da história. Quando você analisa com
cuidado as narrativas repetidas, percebe que cada uma delas acrescenta algo
mais, que, não raro, atropela os fatos. A Lava Jato e seus depoimentos são
exemplo desta máxima. Algo me diz que as explicações do Flávio Bolsonaro se
enquadram neta máxima. Cada explicação dada tem levantado mais dúvidas que
esclarecimentos.
Estas considerações me levam a
lembrar um cartaz pregado na parede, muito mal escrito e que estava na
tipografia em que trabalhei: “Nunca vi um ganhador em uma discussão”. Acho que
foi neste contexto que o sábio veterotestamentário disse: “O falar é prata, mas
o calar-se é ouro”. Há sabedoria no falar pouco, no silêncio.
Li uma enquete com respostas à
pergunta; O que é luxo? Uma das respostas foi: “o silêncio é luxo e este luxo
poucas pessoas sabem desfrutar.”
Silenciar-se diante do oponente
ou do inimigo não é fraqueza, é estratégia. O opositor não sabe lidar com o
luxo e a sabedoria do silêncio.
Marcos Inhauser
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