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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

AMIZADE NÃO É IOGURTE

Uma das coisas mais preciosas do ser humano é ter amigos. Ainda que outras espécies animais tenham seus relacionamentos, façam suas alianças e vivam em bandos ou grupos, falta-lhes a capacidade de ter e ser amigo. Amizade é algo divino, algo que tem a ver com a Imago Dei que o relato da criação diz que temos. Muito já se discutiu e se refletiu sobre o significado desta imagem e semelhança de Deus em nós. Há quem diga que é a nossa conformação trina (corpo, alma e espírito), há quem diga que é o desejo da adoração do ser superior que só os humanos têm, outros afirmam que é a capacidade humana de estabelecer comunicação em nível superior. Outros dizem que é a capacidade humana de planejar, de pensar no futuro, de mudar a cultura e interferir na história. Tenho pensado que é a capacidade humana de se relacionar em níveis altruísticos e estabelecer laços afetivos não erotizados.
A amizade se inclui nisto. Ela é algo indefinível na sua totalidade, mas experienciável em sua plenitude. Ela é algo que não é como iogurte que tem prazo de validade curto. Ela não é namoro e acho que é mais sublime que ele. Ninguém pede alguém em amizade, tal como ocorre no namoro, noivado ou casamento. A amizade tem geração espontânea: acontece! Não busca a reciprocidade: ela é doação incondicional. A amizade não é ciumenta, nem grudenta, nem supervisora, nem asfixiante. Ela é amizade e ponto final.
Amigos não precisam se ver a toda hora. Basta saber que são amigos e que um pode contar como outro sempre que precisar. Ela é uma relação bilateral de ajuda, onde o equilíbrio do dar e receber é uma constante. Amigo que só explora, que é folgado, que “encosta”, que não se dispõe a dar sua cota, é chupim e não amigo. Amigo enriquece pelo que traz de conteúdo e conhecimento à relação. Ele ensina e aprende com a relação.
Não há divórcio nem separação de bens na amizade. Se algo acontece e ela é rompida, cada qual vai para o seu lado e as coisas se acertam. Podem ficar algumas rusgas, mas nunca soube de um processo por danos e perdas porque uma amizade terminou.
Amizades são como carvalhos: árvores longevas que sempre têm sombra para aninhar os cansados. Pode haver tempestade, ventos fortes, muita trovoada, mas lá está o carvalho. Assim é o amigo. Amizade é como vinho: vai pegando mais sabor com o tempo. A idade adoça as amizades, tira o adstringente, acrescenta o amaderado. A amizade não exige encontros constantes: o amor, se não está em constante contato com a pessoa amada, esfria. A amizade não. Ela se mantém.
Velhos amigos não são, necessariamente, os amigos velhos, ainda que a relação tenha certa constância. Amizades existem para durar. Feliz a pessoa que tem amigos de longa data. O tempo pode tirar de nós algumas amizades, porque somos finitos. Perder um amigo é perder alguém que é mais que um irmão. Bem diz a Bíblia que há amigos mais chegados que um irmão. Cultivar e celebrar as amizades é sinal de sabedoria!
Ontem soube que um grande amigo, o Gerson Urban, está na UTI em estado grave. Levei um baque! O Gersão é destes amigos que nos falamos de tempo em tempo e, quando nos encontramos, é uma festa. Doeu saber da saúde do Gersão. Mas também foi o aniversário do Christian, outro amigo de longa data. Poucos nos temos falado e encontrado, mas sei que a amizade não se definhou, antes, o respeito de um para com o outro cresce cada vez mais.
Aos meus amigos (que não são poucos), a minha gratidão por este amor que é ágape!
Marcos Inhauser

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