O Estado reconhece o trabalho como fonte de
riqueza, como direito e dever social. Ele deve promover as condições que
eliminem a pobreza e assegurem por igual aos habitantes a oportunidade de uma
ocupação.
Na relação de trabalho fica proibida qualquer
condição que impeça o exercício dos direitos trabalhadores, que desconheça ou
rebaixe sua dignidade. O trabalho obrigatório (sem o consentimento do
trabalhador) caracteriza-se como trabalho escravo e deve ser condenado.
Depois que inventaram o notebook e o celular, o
trabalhado passou a ser de tempo integral. Não são poucos os que vivem
conectados, fazendo extensas jornadas, algumas delas feitas sem o consentimento
do trabalhador. Há muitos que, trabalhando como escravos, o fazem pensando na
promoção que poderá vir caso se mostrem comprometidos.
Aliado a isto está a globalização que permite e
requer contatos com todas as partes do mundo. Quem tem que se contatar com a
China ou Coréia, não poucas vezes, tem que fazê-lo de madrugada.
Se trabalhar é necessário, o repouso também o é.
A instituição de um descanso depois de seis dias de trabalho é algo milenar.
Esse descanso é algo tão divino e necessário, que a Bíblia afirma que o próprio
Deus descansou. Ele, na Bíblia, estava determinado não só para os seres
humanos, mas também para toda a criação (os animais e os campos). O dia de
descanso, mais que uma questão religiosa e cúltica, é uma questão de justiça
social e de valorização da vida e do trabalho.
Levíticos determina que durante seis anos
semear-se-ia a terra e se recolheria seu fruto. Mas durante o sétimo ano, se
deixaria descansar, sem cultivar, para que comessem os pobres, as viúvas e os
órfãos. Idêntico procedimento teria com o vinhedo e as oliveiras. Aqui se
trabalha o conceito do descanso para a terra e para o ser humano. Entendo que
no sistema capitalista, se aperfeiçoou a exploração de tal maneira que temos, em
alguns setores, o descanso que é aproveitado para outra atividade como forma de
se aumentar a renda.
O descanso vem como tempo de contemplação da obra
realizada. Trabalhar, produzir, sem poder olhar e gozar do que se produziu, é
escravidão. Trabalhar sem ter sábado é morrer. Trabalhar sem descansar é morte.
O trabalho tem limites. O gozar a vida é parte do próprio viver."
Quem paralisa o trabalho e descansa, participa do
ser e do atuar de Deus. Negar-se ao trabalho, ao menos em um dia, é
corresponder ao criador. E "se Deus é por nós, quem será contra nós"
(Rm 8.31). Quem, pois, obedece aos babilônicos, quem ceda às pressões e
trabalha o sábado, abandona a Javeh. Assume a idolatria. Aqui, trabalho nos
dias sábados e idolatria são sinônimos, como o veremos mais adiante com uma
precisão maior.
É o descanso para as mãos, para o corpo. É espaço
no qual caem as cadeias.
Marcos Inhauser
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