Lembrei da frase
do Zagalo, no seu peculiar jeito de falar, ao ouvir as lambanças ocorridas com
a Caixa e o Bolsa Família: “é ixtranho, muito ixtranho.”
É estranho que
um banco do porte da Caixa, que administra o Bolsa Família, que tem impacto sobre
milhões de pessoas, decida fazer o depósito antecipado da parcela mensal. Que
me perdoem os ingênuos, nunca vi banco favorecer a vida de ninguém, muito menos
dar dinheiro antes da hora.
É estranho que o
depósito tenha sido feito sem notificação aos interessados e sem que se
prevesse a comoção que isto poderia causar.
É estranho que
se diga que foi boato o fato de que beneficiários tenham acessado na sexta o seu
extrato e tenham visto o depósito antecipado e não tenham acreditado em um “presente
da Dilma”, pois certamente estavam acreditando que no dia determinado, uma nova
parcela seria depositada. Lógica simplista de quem vive das migalhas do
governo.
É estranho que
uma ministra do governo tenha atribuído à oposição a onda de boatos, sem ter em
mãos a mais mínima informação, sendo obrigada a desdizer o que disse, alegando
que o que disse não queria dizer o que foi dito.
É estranho que o
vice-presidente da Caixa tenha vindo a público dizer que havia determinado a
antecipação das parcelas para fazer frente à onda de saques que houve, como
forma de aliviar a tensão social que o fato gerou. Mais tarde veio com a
história de que, quando determinou a antecipação, ele não tinha a informação de
que ela já havia sido feita.
É estranho que o
presidente da Caixa venha a público afirmar que não era do seu conhecimento a
antecipação das parcelas e que, por isto, demorou uma semana para trazer
explicações, uma vez que precisava levantar todas as informações necessárias
para o esclarecimento.
É estranho que
dois bilhões de reais (que é o total conhecido do Bolsa Família) seja
antecipado, sem que o vice-presidente e o presidente da Caixa tomassem
conhecimento do fato inusitado.
É estranho,
muito estranho, que a razão para tal antecipação seja a atualização do sistema feita entre março e abril deste ano e que, de
acordo com Hereda, a Caixa identificou 700 mil a 1 milhão de beneficiários
portadores de mais de um Número de Identificação Social (NIS). Com a
atualização, essas pessoas passaram a ter apenas o número mais antigo do NIS, o
que poderia gerar confusão na hora do pagamento, segundo o presidente.
É estranho que ele não tenha explicado se a duplicidade
do NIS implica e duplicidade de pagamentos. Se assim for, dizer que o Bolsa
Família seria cortado não é boato. Por outro lado, como pode um banco que administra
estas contas permitir que no mínimo 700 mil inscrições tenham sido feitas em
duplicata?
É estranho que a presidente Dilma tenha dito que era “desumano
e criminoso” o que estava acontecendo e que, agora, se sabe, foi gente do seu
governo que aprontou a lambança.
É ixtranho, muito ixtranho.
Marcos Inhauser
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