É a segunda
vez que venho à Beijing no inverno. O daqui não é tão duro quanto os que
enfrentei quando vivi em Chicago (onde cheguei a sair de casa com -22º.C e
sensação de frio de -43º.C). Nesta semana tivemos temperaturas de -8º.C. No
domingo, o pior dia, às 10:00 da manhã estava -5º.C e um dia cinzento e feio. O
que não vi até agora (apesar de estar aqui há quinze dias) foi o sol. Em parte
pelo clima, mas em grande parte por causa da poluição.
Desta, assim
como das outras vezes, tive a oportunidade de ir ao centro de Beijing (estou a
uns 30 kms do centro, em um distrito). Uma coisa tem me chamado a atenção: o
tráfego é pesado, mas até agora, não vi congestionamento, daqueles de ficar
tudo parado. Comecei a pensar e a verificar algumas coisas do tráfego aqui.
A primeira
constatação que fiz é que vi pouquíssimas motos. Aqui não há esta praga que tem
infernizado a vida dos motoristas das grandes cidades e tem ceifado vidas em
escala de guerra. Não há os costumeiros acidentes, com interdição de pista e
ambulância buzinando para atender aos acidentados com as motos.
Outra coisa
rara de se ver são caminhões. Já andei pelos cinco anéis que circundam Beijing,
assim como semanalmente viajo pelo Rodoanel de São Paulo. A diferença é
gritante. Em São Paulo, a concentração de trucks e biarticulados, com até nove
eixos, é presença constante. Até agora não vi estes monstrengos por aqui. Mesmo
os caminhões “normais” são em quantidade muito inferior ao que se vê em São
Paulo, Rio e outras cidades brasileiras. Parece que aqui a opção foi pelo
transporte ferroviário, mais barato e menos congestionador.
A terceira
coisa que é raridade é ambulância com sirena aberta. Em um esforço de memória,
não consigo me lembrar de alguma vez ter ouvido alguma sirena. Também não me
lembro de ter visto carro de polícia de sirene ligada. Os carros existem, a
polícia existe, mas sem espalhafato.
Ainda não vi
helicóptero sobrevoando a cidade para levar endinheirados de um ponto a outro,
nem para noticiar sobre condições de trânsito. Os carros quebrados ou com pane
seca ainda não vi, em parte porque a gasolina tem preço acessível e as pessoas
não ficam rodando no bafo. Os carros, na quase totalidade, têm menos de cinco
anos. Não sei o que acontecerá quando a frota envelhecer.
Os ônibus
são do tipo inglês (dois andares) e não vi os bi e triarticulados. Parece que
preferiram verticalizar para levar mais gente em menor espaço ocupado. Os bi e
triarticulados ocupam mais metros quadrados para levar gente.
Isto aqui
não é o céu. Longe disto! Se o trânsito é melhor, a poluição é assustadora.
Lembro-me que aa última vez quando estávamos indo ao aeroporto e ao longe uma
nuvem escura pairava sobre Beijing. Meu neto perguntou o que era aquilo e a mãe
respondeu: aquilo é poluição.
Se o
trânsito tem alguns aspectos positivos, o mesmo não acontece com a internet. É
lenta, irritante e não dá acesso a vários sites internacionais, tais como
Google, Facebook, Blogs, Yahoo, Bing. Censura mesmo!
Marcos
Inhauser
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