O desenrolar do julgamento do Mensalão está dando uma lição
de como são e agem os políticos. Vamos por partes.
A primeira coisa que me chama a atenção é o fato de que
“homem simples” (qualificação dada ao Delúbio) consegue pagar advogados que
trabalham a peso de ouro, alguns dos mais caros do país. De onde sai a grana?
Ou já saiu antes com o advento do valerioduto?
A segunda coisa é que nenhum deles se faz presente no
plenário, como se a coisa não lhes afetasse.
A terceira é que os advogados, sem exceção, apresentam os
réus como dignos de beatificação. O Zé Dirceu trabalhava tanto que não teria
tempo para estas pequenezes. O Genoíno era um hábil articulador político e
péssimo administrador financeiro. O Delúbio um exemplar cumpridor de ordens. O
Marcos Valério um facilitador de tomadas de empréstimos perfeitamente legais
junto a bancos. Os bancos fizeram o seu papel de emprestar o dinheiro e estão
tentando receber o que emprestaram, tudo na mais perfeita legalidade e
obediência aos preceitos legais do Banco Central. Todos eles ofereceram provas
e foram inocentados nas auditorias e nas alegações contraditórias. O Ministério
Público é um câncer na estrutura brasileira. Anda investigando demais e achando
coisas. Ele tem a capacidade de achar pelos em ovos. O Procurador Geral é
incoerente, junta documentos que lhe interessam e desconsidera outros que negam
o que afirma. A Polícia Federal deveria estar investigando traficantes e não
gastando tempo em dinheiro com gente de tão fina estirpe como os políticos
brasileiros. Só deve valer nestes julgamentos documento de confissão assinado
em cartório, com firma reconhecida e pelos menos 10 testemunhas.
Os réus, por sua vez, se praticaram alguma ilegalidade, foi
no campo eleitoral, crime de menor importância e tão comum no universo
brasileiro que nem vale a pena gastar este tempo todo para julgar. O melhor é
não dar em nada. Ou melhor, o melhor é que saiam do STF com um atestado de
pureza moral.
De minha parte espero que estes políticos e outros não réus
do mensalão, mas tão envolvidos em falcatruas com o dinheiro público, seja na
retenção de vales-refeição, na farra do pedágio, na indicação de parentes para
trabalharem como assessores ou na Sanasa, desaparecem da vida pública brasileira.
Alguns estão sendo impedidos de concorrer às próximas eleições (em Campinas
vários já foram defenestrados e o mesmo ocorre em outros municípios). Alguns
dos que hoje estão sendo julgados pelo STF ou pelos TREs já não contam com o
prestígio de antes. No Genoíno de antes e o de agora há uma distância abissal.
O Zé Dirceu perdeu muito do seu espaço. O Delúbio está sendo processado
criminalmente. E assim por diante!
A opinião pública está atenta e acompanhando o que acontece.
Se não todos os brasileiros, mas uma expressiva parcela. E nisto estamos dando
nossa contribuição para que a pizzaria de Brasília vá à falência.
Marcos Inhauser
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