Uma característica bastante comum nos seres
humanos é a proteção dos iguais. Parece que necessitamos proteger os que são
nossos colegas, para que, na hora da necessidade, também sejamos protegidos.
Este sentimento de “espírito de corpo” pode
ser visto e frequentemente é citado quando se trata de julgamentos que são
feitos a profissionais pelas suas entidades de classe. Não foram poucas as
vezes em que se salientou que os Conselhos Federais de Medicina, Odontologia,
dos Contabilistas, da Magistratura, são lentos e muitas vezes omissos nos seus
julgamentos. Parece que os julgamentos só se dão quando o caso é de tamanha
evidência que nem juízo precisa. Também ocorrem quando há grande comoção social
e pressão da opinião publica.
A cada pouco somos informados que o médico
este ou aquele, que o juiz fulano ou beltrano, estão sendo acusados de algo e
que eles já tem outras acusações anteriores nos órgãos colegiados. Há o caso do
“cirurgião plástico” de Brasília que matou algumas pessoas e o Roger
Abdelmassih. Há ainda os procuradores denunciados por estarem pegando dinheiro
dos precatórios há bom tempo e que o julgamento foi digno de uma lesma.
No campo da política a coisa é ainda pior.
Recentemente tivemos o lamentável episódio da absolvição da Jaqueline Roriz, no
que pese o vídeo comprovando o recebimento da propina. Aí estão os casos do
deputado Saulo Moreira (ALE/RJ); deputado Sérgio Moraes (PTB-RS),
que em 2009 ficou famoso ao dizer que “se lixava” para a opinião pública;
deputado José Mentor (PT-SP) por sua participação no Mensalão; Paulinho da
Força (PDT-SP), acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro do
BNDES; Jair Bolsonaro (PP-RJ), acusado de homofobia e racismo; Olavo Calheiros
(PMDB-AL) - Acusado de quebra de decoro supostamente por ter ligações com
o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, preso na Operação Navalha da
Polícia Federal; Sandro Mabel (então no PL-GO), acusado de distribuição de
suborno; João Correia (PMDB-AC), acusado de envolvimento na máfia das
Sanguessugas; Vadão Gomes (PP-SP), Pedro Henry (PP-MT, José Janene (PP-PR,
Wanderval Santos (então no PL-SP), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant
(PFL-MG), Romeu Queiroz (PTB-MG), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP),
Josias Gomes (PT-BA), todos absolvidos das acusações de participação no
mensalão.
Neste momento, há evidências de que o
Demóstenes pode se safar. Talvez porque ele saiba demais e pode complicar a
vida de muita gente. E o Pagot não querem ouvir porque vai botar lama na mesa
presidencial.
Na Câmara de Campinas já tivemos alguns
exemplos iguais. Foram absolvidos do uso indevido dos tickets refeição, da
contratação de funcionários fantasmas, da retenção de parte dos salários dos
funcionários, da farra dos pedágios.
Pelo jeito, mais que espírito de corpo, há
nestes colegiados um espírito de porco. Gostam de viver na lama e não saem dela
nem a pau.
Marcos Inhauser
Nenhum comentário:
Postar um comentário