Nele via uma nova abordagem para as questões que me
intrigavam e enumero algumas delas. O Antigo Testamento apresenta a guerra como
sendo, muitas vezes, promovida por Deus. Daí que algumas guerras eram chamadas
de santas. Há uma condescendência com a violência e o menosprezo da mulher e da
criança como seres humanos. Além desta aparente divinização da guerra, há o uso
da violência da parte de Deus no castigo do seu povo. Estas abordagens me
faziam pensar e, por mais que tentasse, não encontrava respostas.
Ao ler os Anabatistas e tomar conhecimento de sua história
(ainda que não haja unanimidade entre eles), fui tomando conhecimento de
algumas posições que me chamaram a atenção e mudaram minha forma de ver as
coisas.
A primeira delas é a centralidade dos evangelhos e de Jesus
Cristo. Há uma certa hierarquia nas Escrituras: as palavras proferidas por
Jesus estão acima de todas as outras. Em seguida o que se conta sobre Jesus. Os
demais trechos da Bíblia são palavra de Deus na medida em que se harmonizam com
Jesus e o que Ele disse e ensinou. A fundamentação para isto está no fato de
ser Jesus a “Palavra de Deus encarnada”, a “expressão exata do ser de Deus”, ao
ponto de ser “Um com o Pai”. Esta hierarquia toma como Palavra de Deus, no caso
do Antigo Testamento, aquilo que concorda com os evangelhos. O que não concorda
pode ser texto de consolação, de instrução ou de informação de como foram ou
eram feitas as coisas. Perdem assim o caráter normativo, assumindo o
instrutivo.
Neste contexto, ganha relevância o Sermão do Monte,
proferido por Jesus e que é tomado por muitos Anabatistas como texto magno para
a vida cristã.
Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos céus (fora estão os orgulhosos,
prepotentes e assemelhados)
Bem-aventurados os que choram, porque
eles serão consolados (fora estão os que fazem chorar, que provocam
lágrimas pela imposição da injustiça e da violência).
Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra (fora estão os violentos, os agressores, o que promovem a
violência, a guerra, que negam a virtude do diálogo)
Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça porque eles serão fartos (fora estão os que fazem injustiça,
concedem habeas corpus a torto e a direito)
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque eles alcançarão misericórdia. (fora estão os que massacram o próximo
ou tiram proveito dele em uma situação de dificuldade)
Bem-aventurados os
limpos de coração, porque eles verão a Deus (fora os que tem agenda oculta,
caixa dois, negam desconhecer o que praticaram, mentem, os cara-de-pau, os
pinóquios políticos).
Bem-aventurados os pacificadores,
porque eles serão chamados filhos de Deus (fora os promotores da violência,
do armamento, das guerras, da vingança, das fake News).
Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus fora os que estão
perseguindo em nome da justiça e os que se julgam perseguidos porque a eles se
aplica a justiça).
Sei que vou
levar pedrada por causa deste texto. Termino com a última: Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e,
mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
Marcos
Inhauser
Nenhum comentário:
Postar um comentário