Também
poderia ser FaMedFa ou FaMedFac.
Tenho
ficado impressionado com a quantidade de coisas que entram no meu e-mail,
Whatsapp ou Facebook falando de remédios alternativos, que curam desde calo até
Alzheimer. Juntamente com esta enxurrada, vem as “pesquisas” de cientistas e
Universidades, que “descobriram” isto ou aquilo.
Já escrevi
aqui que não sou afeito às redes sociais. Uso-as esporádica e
parcimoniosamente. Mesmo assim estou entupido de coisas médicas e pesquisas mil.
Imagino quem é aficionado ou viciado nas redes. Não é para menos que a
quantidade dos hipocondríacos tem aumentado exponencialmente.
Por outro
lado, percebo na conversa de certas pessoas que há, cada vez mais, gente que se
julga entendida nas doenças. Mencione em uma roda de pessoas que você tem
gastrite, pressão alta, intestino preso, tosse há algum tempo, alergia ou dorme
mal: você receberá um caminhão de receitas!
Isto tem
resultado numa multidão que recorre aos médicos para que estes receitem o que já
sabem e querem. Eles chegam, dizem ao médico o que têm e pedem que ele receite
o remédio X, Y ou Z. Conversando com alguns deles, senti que eles enfrentam a
geração “medicina Google”. Pegam o resultado de um exame, veem palavras
difíceis, vão ao Google, digitam e já saem com um diagnóstico. Um deles me
perguntou: para que vir ao consultório se já sabem o que têm e que remédio
tomar?
Há algum
tempo recebi de um médico amigo um e-mail. Estranhei porque ele tratava das
maravilhas da banana. O e-mail dizia que ela cura uma enormidade de
enfermidades, repõem potássio, vitaminas, regulariza intestino, tem baixa
caloria e tem alto poder nutritivo, etc. e tal. Ao final ele dizia: estou
largando a medicina e fechando o consultório. Vou plantar banana porque, com
todas estas capacidades da fruta, não terei mais espaço para a minha prática.
Aliado a
isto há os remédios milagrosos para fazer nascer cabelo, para insônia, para perda
de pessoa, suplementos vitamínicos os mais variados, todos com poderes acima da
média. Ressuscitam até mortos, a acreditar-se na propaganda. Busca-se
informações e tem-se, invariavelmente: vendido somente pelo site ou telefone.
Não se sabe o laboratório, farmacêutico responsável, se tem ou não aprovação da
Anvisa. Ainda bem que nuinca ninguém veio me falar das maravilhas do chuchu, da
abobrinha e do jiló. Morro de fome, mas não como isto!
Outros
dizem que curam a fibromialgia. É uma mensagem que, quando você se dispõe a
assistir, toma uns 40 minutos, falando e repetindo coisas para, ao final,
tentar vender um livro.
Some-se a
isto os propagadores da cultura fitness. Exercício os mais variados, malhação
diária, levantamento de pesos, caminhadas, bicicleta, trilha, etc. Cada um
deles, no fundo estão vendendo algo.
Vivemos uma
geração de formados em Medicina pela FaMedFac: Faculdade de Medicina do
Facebook. E como todo autodidata, estes “médicos Face” (ou Fake?) tem a
arrogância de quem se acha o dono da verdade e detentor da cura dos males mais
comuns. Desde limão em jejum, berinjela a granel, abacate sem açúcar, regime de
alface, dieta da lua, nutrição dos astronautas, e outras coisas que dá para
encher o jornal.
Não perca
tempo discutindo. Nem cometa a besteira de falar de doença perto deles. Vai
ouvir montanhas e nada de escutarem. Pensando bem, acho que vou abrir um blog
sobre “como suportar os chatos médicos fakes”.
Marcos
Inhauser
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