O senso comum diz que ninguém é perfeito. Isto é verdade! Há
no ser humano um DNA que tem o gene de imperfeição.
Se for verdadeira a história de que Adão e Eva tiveram dois
filhos, um bonzinho e outro que matou o irmão, todos somos descendência de um
assassino, de um fraticida. Depois dele teve um Jacó que vivia brigando com o
Esaú, um Esaú meio desligado que não pensou duas vezes em trocar o direito de
primogenitura por um prato de lentilha, o Saul que mandou matar o melhor amigo
do filho, o Davi que mandou matar o marido da amante, o Salomão que gostava da
pompa e da circunstância, tanto que arrumou uma coleção de esposas. Isto para
ficar nos mais conhecidos.
A imperfeição é um toque da graça da Deus. Porque não
acertamos sempre (ou quase nunca), buscamos a ajuda de Deus para vencer as
coisas que sabemos não ter a capacidade para fazer certo. Porque erramos e
fazemos mal feito, voltamos e temos a benção de refazer e recomeçar. Se nunca
acertássemos nada, seríamos depressivos por nascimento. Se sempre acertássemos,
seríamos arrogantes, nos achando os “reis da cocada”. A imperfeição nos coloca
em nosso devido lugar: seres humanos. Se Deus nos tivesse feito perfeitos,
teria concorrência.
O problema não é ser imperfeito. Há algumas atitudes em
relação à imperfeição que podemos ter. Ceder a ela e sempre fazer as coisas mal
feitas. São as pessoas conformistas e as derrotistas. Valem-se do fato de não
sermos perfeitos para fazer pela metade. É ser derrotado de enttrada na guerra
com a imperfeição.
A outra atitude é a de não se enxergar e achar que tudo o
que faz, faz bem feito. Esta classe de pessoas se coloca como exemplo para tudo
e todos, são professores da universidade (porque sabem de tudo e para tudo tem
o “jeito certo de fazer”). Estas têm a tendência de se julgarem fortes, que se
conhecem, que são bem resolvidas, que tem o controle da situação e do entorno.
É achar que pode ganhar a guerra com a imperfeição.
As primeiras são cansativas de se relacionar porque tem a
tendência à murmuração, ao azedume. As segundas são difíceis de se relacionar
porque são arrogantes e prepotentes.
Estes dois grupos têm o problema de não se enxergar. O
primeiro porque não consegue ver que pode fazer algo bem feito. O segundo
porque acha que tudo que faz, está bem feito. Ela é o padrão de conduta,
comunicação, relacionamentos. Estão mais para peças de museu que para vidas
reais.
Uma terceira atitude é a das pessoas que se conhecem
imperfeitas, que mesmo no que são bons sabem que podem falhar. Estas, no que
pese a possibilidade de falhar, fazem o melhor que podem, ficam frustradas com
o que não saiu como queriam, mas depois dão risada da coisa que não funcionou
do jeito que esperava ou queria. Entendem que o fizeram ontem e o fizeram bem
feito, não é garantia de que, se fizerem hoje, terão o mesmo resultado. Veem a
vida com variáveis múltiplas e não como relação de causa e efeito simples.
Assumir a imperfeição é sinal de maturidade. Trabalhar pela
perfeição é depender da graça de Deus. Aceitar os tropeços e desacertos é
perdoar-se. É fazer as pazes com a imperfeição.
Marcos Inhauser
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