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quarta-feira, 29 de maio de 2019

SOU IDEOLÓGICO!


Nas caminhadas da vida e pelas bibliotecas e livros, aprendi algo sobre ideologia que gostaria de compartilhar. Reconheço que é difícil dar uma definição exata. Para se ter uma ideia, um dos estudiosos de Karl Marx encontrou mais de trinta significados diferentes para a ideologia apenas nos escritos de Marx. Como já disse alguém, não há nada mais ideológico do que falar de ideologia. Existe um universo tão grande de afirmações sobre o que se refere ao ideológico que, por razões didáticas, quero levantar alguns níveis de ideologia. 

A primeira delas é a ideologia do pressuposto, que é o conjunto de conhecimentos que se tem e que é determinado e condicionado histórica, política e socialmente e que serve como ferramenta para interpretar coisas e eventos. Ninguém analisa nada, nem conclui nada, se não fizer parte de determinada informação prévia. Eles são os "pressupostos". O que eu suponho determinará o que concluo, porque, dependendo dos instrumentos com os quais trabalho para revelar, compreender, julgar, tenho o resultado do meu julgamento. Esta ideologia é formada pelo conjunto de valores que se tem, fruto de interações com o meio ambiente, seja ele educacional (prioritariamente) ou não. Só não tem ideologia o sujeito totalmente imbecil e idiota.

Há outra ideologia: a ideologia da visão de mundo. É sobre o conjunto de conhecimentos que temos, as ideias, julgamentos e valores que determinam o nosso modo de ser, de agir. A ideologia do "pressuposto" determina a "ideologia da visão de mundo". Somos o que somos baseados no que temos como instrumentos de análise, como um produto histórico por pertencermos a uma sociedade histórica e geograficamente situada. Pensamos e atuamos de acordo com este momento e a cultura da qual dependemos. A ideologia de pressuposição, determinada pelo momento em que vivemos, determina nossa ideologia de visão de mundo, que se adapta em termos gerais à ideologia dominante do contexto em que nos situamos.

Outro tipo de ideologia é a da imposição. É o que aceitamos e que queremos impor aos outros. Essa "imposição aos outros" deve-se ao fato de que acreditamos que nossas verdades são melhores que as do outros, ou que nossas verdades, quando aceitas pelos outros, determinam que temos mais espaço de poder, de gestão, ou queremos manter o espaço que já temos.

Assim, a ideologia é um conjunto de verdades relativas: é a verdade de alguém. A burguesia tem sua ideologia de pressuposto, visão de mundo e imposição e é uma verdade para eles. É uma verdade a tal ponto que eles querem impor isso a todas as pessoas, porque isso as leva a consolidar suas pressuposições, que eles acham que deveriam ser mantidas. O imperialismo, marxismo, liberalismo ou seja o que for, têm sua ideologia de imposição na medida em que querem ter e manter o poder, segundo a verdade que sustentam.

É impossível alguém ser a-ideológico e nada mais ideológico que ser anti-ideológico. Descobri que mentes analfabetas de conceitos, chamam de ideológico tudo aquilo que o outro pensa e que é diferente do que o imbecil “pensa” (se é que pensa).

A diferença é ideológica e, no fundo dever ser. A diferença é a contraposição de duas visões de mundo, duas ideologias. O problema está quando uma das partes, pela ingenuidade, falta de conhecimento ou imbecilidade, acha que o que ele pensa não é ideológico e só o que o diferente pensa é que está eivado de ideologia. Para estes se deve aplicar outro significado de ideologia: o discurso que busca esconder uma ideologia, ocultar intenções.

Por isto sou e assumo que sou ideológico: penso e argumento!

Marcos Inhauser